Fontes no Japão indicam que o conselho da Nissan vê com bons olhos uma possível aquisição da participação de 36% da Renault na montadora japonesa, um resquício da aliança formada em 1999. A Renault já manifestou interesse em vender sua participação, o que torna a situação ainda mais atrativa para a Foxconn.
O presidente da Foxconn, Young Liu, declarou ao Financial Times que a empresa consideraria comprar ações se isso fosse necessário para a colaboração, embora o foco principal continue sendo a cooperação.
A situação da Nissan é alarmante. O lucro operacional despencou 90% nos últimos seis meses, levando um executivo a afirmar que a empresa pode ter apenas 12 a 14 meses para reverter a situação. As ações da Nissan caíram 6,3% após o fim das negociações com a Honda, e a capitalização de mercado, atualmente em US$ 10,34 bilhões, representa apenas um quarto da Honda, além de uma queda de 34% em relação ao ano passado.
A Nissan precisa urgentemente de um parceiro financeiro sólido, e a Foxconn, avaliada em mais de 10 vezes o valor da Nissan, se apresenta como uma opção viável.
A proposta da Foxconn é atuar como um montador a baixo custo, semelhante ao que a empresa já faz para marcas de eletrônicos. Recentemente, a empresa lançou modelos de referência de EVs, como uma minivan e um pequeno ônibus, permitindo que montadoras personalizem e vendam sob suas próprias marcas.
Ter uma participação na Nissan pode proporcionar à Foxconn acesso a tecnologias e experiências que ampliam suas capacidades na indústria automotiva. O modelo de negócios de fabricação sob demanda da Foxconn já mostrou vantagens, com a Apple gerando mais do que o dobro da receita da Ford, apesar de ambas possuírem ativos fixos semelhantes.
Contudo, muitos acreditam que a injeção de capital não resolverá a crise existencial da Nissan sem uma visão clara sobre seu futuro.
Com a falência das negociações entre Nissan e Honda, a Foxconn surge como uma possível salvação, buscando uma parceria que pode revitalizar a montadora japonesa em meio a uma crise crítica. A aliança pode oferecer não só recursos, mas também inovação, ao mesmo tempo em que a Nissan precisa urgentemente redefinir sua identidade no mercado.